Com a colheita do aipim, começou nesta semana uma das manifestações culturais mais antigas de Taquaras, em Balneário Camboriú: a farinhada. A atividade artesanal, que ocorre há mais de um século no único engenho de farinha de mandioca em funcionamento na cidade, já foi tema de livro, dissertação de mestrado, festa comunitária e projetos culturais e educativos incentivados pelo Município.
O engenho pertence à família Alexandre. “Considerando o processo todo, desde a colheita, raspagem e operação do engenho, envolve umas 20 pessoas".
"Todo o processo é coordenado pelo mestre farinheiro Raul Alexandre e a esposa dele, Eulália Maria Alexandre, conhecida como dona Lala. Esta farinhada começou nesta semana com a colheita do aipim na roça. Nesta sexta-feira (30), iniciou a raspagem. O processo segue durante a semana que vem”, diz o presidente da Associação de Moradores de Taquaras, Marcelo Peixoto.
O produto final é destinado ao consumo da família e dos que ajudaram no processo. A farinha também é vendida àqueles que procuram a propriedade.
De acordo com Peixoto, a Associação de Moradores e a Fundação Cultural trabalham em conjunto para incentivar a continuidade dessa manifestação cultural, já que a farinhada não é mais viável economicamente, e a família toca o engenho por amor à atividade.
Uma das ações conjuntas foi a Festa Cultural Raízes de Taquaras, que ocorria antes da pandemia com o objetivo de resgatar a cultura, valorizar as raízes do bairro e fomentar a economia local. Também recentemente foi lançado o documentário Farinhada, contemplado com recursos financeiros da Lei Aldir Blanc.
Segundo a diretora de Artes da Fundação Cultural, Lilian Martins, a farinhada é um grande acontecimento na comunidade.
“A riqueza deste patrimônio se dá não só pela estrutura física do engenho, mas também pelo conhecimento dos mestres de ofício, que detêm o saber de plantar e transformar a mandioca em um alimento que conta a história do Brasil".
"A mandioca colhida é lavada, raspada e ralada a muitas mãos, todo o núcleo familiar e vizinhos se engajam. Em todo o processo, as cantorias, as histórias, as conversas emocionantes dão o ritmo do trabalho. Fazer farinha tem um valor imaterial difícil de mensurar”, explica Lilian.
* Silvana de Castro/Diretoria de Comunicação
Fotos: Anderson Kuehne